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Soneto de Promessas




Eu, que vim de um rumo estranho ao teu
Trazendo só o cansaço da viagem,
Léguas e léguas de outros corpos percorri
Até saber que eras descanso ao corpo meu.
O íngreme escalei na caminhada.
Transpus mar de solidão, tédio e procura.
Mas foste do percalço o último passo,
E o último degrau da íntima escada.
Estavas à minha espera no caminho
- Mágica videira - beijada pela aragem
Ofertando-me do amor, seu doce vinho.
Deste-me a tua mão, e eu te quiz.
E seguimos pelas terras de Andersen *
Sonhando para a história um fim feliz.

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