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Mostrando postagens de fevereiro, 2015

À Belchior

Ouço suas canções e penso um nome: Santiago de Compostela. Era, de fato, um homem incognoscível. Infatigável companheiro do vento, gostava do cheiro do mar, era amante dos Beatles, do Blues, da América Latina, e ás vezes se deleitava com a musicalidade álacre dos pardais que se debruçavam sobre os desvãos das manhãs em suas janelas alumbradas. Conhecia os sortilégios do amor e a dor guardada dos suicidas. Com Dante discutia a nulidade da coisas, os arcanos da metafísica, os imperativos da ética e a bifurcação dos caminhos. Sabia do secreto caminho e da escadaria para as beatitudes e danações anunciadas nos pergaminhos. Com Heidegger confrontava  a casuística do amor e em manhãs de frio e de vento se afligia com a percepção nostálgica de seu próprio existencialismo reticente. Menestrel, poeta,oráculo,  sonhador ou homem triste, o que sei é que cantava a melancolia das ruas, seu tédio, o açoite do medo, as dores sem remédio dos desamados a ternura dos sub