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Soneto à Vênus de Milo



E vinho adocicado a compostura
da pele de teu ventre de argamassa.
Alada transparência que fulgura
derramado no cristal de sete taças.
Brindo com teu ventre à formosura
destilada nos lagares da trapaça
pois é vinho que o desejo transfigura
e à sede de outro corpo se entrelaça.
Em taças transbordantes, sem mistura
quiz a pele de teu ventre em formosura
impor o seu sabor e o seu sentido:
É vinho de um sabor que nunca passa
a pele deste ventre de argamassa
que eu bebo com meus olhos comovidos.

- Para minha Esposa

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