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Soneto da Varanda




Como quem sonha, sob a sombra branda

da solerte buganvília e vê no ocaso
A sombra do centauro e outro prazo
dos dias vãos vencendo na varanda
eu ouço do ébano exilado de Luanda
o ritmo azul de um Blues e me comprazo.
A primavera dos crisântemos nos vasos
chama os gnomos para a roda de ciranda.
Do horizonte o vulto aceso do hipocampo
e uma fragata alada acenam, e eu não sei
se o momento é de ficar ou de partir. 
Além das buganvílias, o arado e o campo.
E as silhuetas de centeio, onde plantei
pevides do amor que eu dei, mas não colhi.



Taiobeiras
24/06/2013

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