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Soneto da Nomorada



De tanto amar-te e por querer-te tanto
De mim até me esqueço e me enclausuro
Neste modo imprudente e inseguro
De me perder somente em teus encantos.
A tudo o mais me nego e te procuro
E é tamanha esta vertigem que me espanto
Mas me alijo de temer o desencanto
E de promessas vou tecendo meu futuro.
Promessas de afeto e de ternuras
O teu toque em meu corpo anuncia
Quando eu mesmo sonho te acompanho.
E mergulhado nesse abismo de loucuras
Eu caminho pelo céu à luz do dia
Imaginando ser real o que é um sonho.

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