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Noite no Líbano



(dedicado a  J. L. Borges)

A Lua se aproxima da Terra
para olhar de perto o seu reflexo no lago
Sua luz toca de leve a face dos lírios
que de súbito desabrocham
revelando oculta plumagem

Além dos cincerros calados
jornais falam de crises
No ar, certo rumor de guerras
profetas pregam Apocalipses.

Meu coração, porém,
prefere paisagens mais simples
como a amplidão silenciosa das planícies de Sarom
ou a paz de um cais noturno cantado por Gilbran.

Olho a Lua plantada no centro da treva.

Há um momento em que ela toda se agiganta
e seu brilho arde na noite
feito a febre cortante
de um clamor.

Momento em que o mar arremessa suas ondas rumorosas
e a alcateia ensandecida celebra com uivos
o seu instante de glória

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