O teu corpo é uma lua cravejada de crisântemos
E a um toque de lábios
Todo ele floresce
Teu fulgor de astro
Irrompe entre as falésias de meu peito
Convoca os mares de meu sangue
Ondas acodem
Porém, me beijas
E se calam todos os ventos
Então, me abraças
E me torno em uma cacimba soterrada de pétalas
Quantas noites se ocultam
Entre os anéis de teus cabelos?
Que astros tecem órbitas
Nos espaços de teu sono?
O que sei
É que tua voz lembra um arroio fluindo
Continuamente
Que há pássaros cantando em teu sorriso
E que teu olhar está repleto de cometas
Beijo a tua boca
Com lábios de silêncio e carne
E toco com meus dedos
O jardim de tuas espáduas
Vejo estrelas caindo no teu colo
E de teus seios
Brotam lírios e perfume de rosas
Porque tudo é primavera no teu corpo
Da pele de teus lábios
Frutificam romãs
Mas a tua boca tem gosto de pêssegos maduros
Minhas mãos te buscam
Meus olhos te pedem
A minha pele tem sede de tua boca
Mas teu corpo está suspenso nas alturas
Alhures de meu gesto e petição
Teu corpo governa o mito das origens
Nele convergem todos os meus caminhos
Caminhas por sobre mim
E de teus rastos brotam jasmins e dálias
Por isso te celebro com cítaras
E à tua formosura ergo um canto e bato palmas
Entoo-te o mais venerável dos cânticos
Pois somos frutos da mesma gênese
Sou vulto anônimo, anônimo astro
Gravitando sempre em torno de tuas mãos
O teu corpo é um alcácer de silêncios
Mas quando te penso
A minha alma fica repleta de pássaros
De repente
Teu corpo me põe reverente
Meus gestos adquirem a quietude casual
Das coisas simples
É quando vejo tua luz penetrando minhas arcadas
E o teu amor é como orvalho
Derramado lentamente sobre mim.
(ano: 2001)
.........................
Comentários