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Brasilia: Junho, 2013







Sob túrgidas marquises


da metrópole e convergindo


pelas vilas, vales e urbes


pobre de ouros e armas


a marcha do povo ressurgindo.



Que nobre emblema se usaria


ajustado a tais ovelhas


que dos ermos montes vindo


vão galgando a pedraria


e entre os muros vão balindo?




(Ou seriam mais que ovelhas


estes leões, que vão bramindo?).




Moisés ergueu sua vara


Miriã cantou seu hino.

Sob a luz de céu tão raro


Que profeta ou taumaturgo


dita a hora e seu destino?




(Vejo a sombra do Oligarca


se esgueirando, de mansinho).




Erguesse a voz em prece


ao Deus do pobre e peregrino


Que reposta nos daria


desde o rasgo iluminado


deste ocaso repentino?




(Que réplica ou que ressalva


ou que sinal, à voz dos sinos?).




Distante há tantos dias


da sagrada epopeia


que nos doa luz e ensinos


clamo ao Deus dos desgraçados:


Dai-nos luz da estrela guia!



Guia os vultos desta marcha


(nossa pátria em romaria).


E que a memória desta hora


delineie a luz da aurora


numa justa simetria.




(-Taiobeiras/19/06/2013)

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